quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O natal de Anahí IX - Final




Já em casa Anahí repreendia internatamente. Como ela fora capaz de pensar que podia dar conta de alguma coisa? Desde que fora morar com Maite, ela tomava todas as responsabilidades para sí, deixando para Anahí apenas a parte de colher os frutos.
A mãe de Anahí morreu em um trágico acidente de carro junto com seu segundo marido, o pai de Maite. Na época o estado procurou, em vão pelo pai dela, mas era como se tivesse sumido do mapa. Sem ter niguém que cuidasse de Anahí e com a ameaça iminente de ser posta para adoção, Maite se compadeceu de sua meia-irmã e ao custo de  seu futuro, largou a faculdade e  arranjou um emprego de garçonete,onde conheceu Yahiro Makamoto, vindo a se casar com ele seis meses depois. Maite e Yahiro foram como verdadeiros pais pra ela, e apesar de não terem nenhum laço sanguineo, para Anahí, Maite era sua familia, a pessoa mais importante para ela.
Anahí deitou na cama sentindo-se arrasada. Era sempre assim. Sempre que ela tentava ajuda Maite em algo ela sempre metia os pés pelas mãos, por isso sua irmã nunca tinha confiaça nela. E a prova que ela queria de que podia cuidar do restaurante foi por água abaixo, quando mais uma vez ela fez tudo errado.
Ela tinha vontade de sumir!
Anahi passou a noite em claro e ouviu quando sua irmã chegou em casa, ainda era cedo, seis da manhã. Ouviu May usar o chuveiro e depois o nada significou que ela estava dormindo. Anahí até que pensou em ir ao quarto da irmã e contar o que fizera ao restaurante, mas era covarde demais para isso, ao invés disso, se encolheu mais nas cobertas e sem perceber, adormeceu.
No sono ela ouvia o telefone tocar, chamando-a de volta a realidade. Olhou ao redor e percebeu que o quarto estava na mais completa penumbra, procurou o despertador, confusa com o horário.
—DEZ DA NOITE! –Anahí deu um pulo na cama.
Como era possivel que ela tivesse dormido tanto? Porque Maite não a acordara? Ela já estava atraasada quatro horas pro seu turno no restaurante! Levantou-se correndo da cama e só então percebeu que o telefone continuava a tocar. Atendeu num rompante, tropeçando nas pernas da calça jeans que tentava vestir.
— Já ia chamar a polícia pra avisar de sua morte.
—May!
— Eu viajo e é você que se enrola com o jet leg?
— Desculpe, acho que dormi um pouco mais da conta.
— Um pouco mais da conta? Você desmaiou. Pssei no seu quarto umas cinco vezes pra ver se você estva viva antes de vir pro restaurante. –O restaurante! Anahí se repreenseu. May já estava lá e já vira a porcaria que ela fizera e Anahí nem tiera a descencia de contar pessoalmente a irmã.
— May, sobre o restaurante... –Ela parou, procurando as palvras certas para dizer, mas sua mente falhou miseravelmente.
— O natal ao redor do mundo? Foi uma idéia brilhante! –Anahí ficou sem palavras enquanto Maite explicava o evidente sucesso de sua decoração bizarra. –Então, aquela combinação de natal com hanukkah ficou bem extranho, mas algumas pessoas gostaram, vai saber...Enfim, vou descontar suas horas de atraso do seu sálario....
Anahi bateu o telefone no gancho sem se despedir e foi corendo se arrumar. Ela até podia ser a irmã da dona, mas lá no restaurante, maite a tratava igual que todos.
Chagando ao restaurante, Anahí se surpreendeu ocm o sucesso que aquela diversidade havia causado.
— Dou meu braço a torcer Cachinhos Dourados. –Dulce se aproximou com uma bandeja na mão com panquecas de batata, umas das comidas típicas do hanukkah. –Dessa vez você acertou. –Ela dedicou um breve sorriso a Anahí e foi entregar o pedido.
Anahí olhou pra sua meio amiga e meio inimiga e se impressinoucom o tamanho da importancia que dava para a opinião dela e sorriu para si mesma, sentindo a amizade de Dulce naquela noite, porque Anahí tinha certeza de que tregua não duraria muito. Pra nenhuma das partes.
Foi para o quarto reservado para os funcionarios para se trocar e vestir o uniforme, mas não sem antes dar uma espiadinha em seu adorável tormento, que junto com Christopher e mais quatro ajudanes davam vida a cozinha do restaurante.
Tudo estava na mais perfeita ordem, Anahí pensou enquanto colocava o avental, só faltava convencer May a não descontar seu atraso no sálario, mas isso já era assunto pra outra historia.  

domingo, 25 de dezembro de 2011

O natal de Anahí VIII



E só depois de tudo terminado, Anahí percebeu que já passava das dez e nem Dulce, nem Alfonso e Christopher haviam retornado, mas como se os tivesse chamado em pensamentos eles entraram.
—Nós chegamos não foi? –Alfonso dizia enquanto entrava no restaurante.
—Mas se tivesse deixado eu dirigir já estariamos aqui a horas –Christopher reclamava com ele.
—Nunca mais quero passar seis horas perdida no meio do nada com vocês de novo. –Dulce disse se afastando para o vestiario. –Prefiro antes ir ajudar a Leslie a fazer respiração boca a boca num guaxinim morto. –Ela estancou. Arregalando os olhos para a decoração interna do restaurante. –Oh meu Deus! –E se calou.
— O que ela está querendo dizer é... O que aconteceu aqui? –Christopher interpelou.
— Minha decoração de natal. –Anahí responderu com simplicidade. –É inusitada e diferente.
—Any... –Christopher tentou achar um eufemismo para dizer que havia ficado estranho de mais, mas não conseguiu pensar em nada.
— O que está feito, está feito. –Alfonso entrou sem dar muita atenção a decoração segurando um caixote e indo em direção a cozinha. –Christopher! Você tem mais o que fazer do que ficar dando uma de critico.  
E Christopher o seguiu sem nem ao menos fazer uma piadinha contra o autoritarismo de Alfonso, ainda chocado de mais para falar.
—Parabens Cachinhos dourados. –Dulce se aproximou de Anahí quando ia em direção ao quarto dos funcionarios pegar sua bolsa para ir pra casa. –Dessa vez, você excedeu minhas expectativas. –Sorriu e saiu.
No geral Anahí sempre ignorava os comentarios de Dulce, mas dessa vez ela tinha razão, até mesmo Christopher desaprovara e Alfonso nem se fala.
—Eu gostei. –Leslie deu palmadinhas no ombro dela e lhe deu um sorriso encorajador. O que a desanimou mais ainda.
Decidindo ir embora e lamentar seu fracasso em casa com um pote de sorvete ela deu as chaves para Alfonso trancar o restaurante pois ele e Christopher iriam ficar até mais tarde para organizar tudo na cozinha e foi embora.

sábado, 24 de dezembro de 2011

O natal de Anahí VII




Anahí por um momento se sentiu flutuando. Alfonso achava que ela conseguia! Ele acreditava nela! Anahí sabia que estava tão desesperada por Alfonso que qualquer migalha de afeto que ele lhe desse ela pularia de alegria. Com a energia retomada se levantou, ainda não sabia o que iria fazer, mas por nada no mundo mostraria que alfonso estava errado por acreditar nela.
Anahí ligou o computador do restaurante e após algumas pesquisas e a ajuda de Rachel, já sabia exatamente o que faria. Até mesmo com os coqueiros anões. Preparou uma lista de alguns materiais que iriam precisar e a entregou a Christian, jamais entregaria qualquer lista na mão de Leslie. Pelo menos não em sã consciencia.
Enquanto esperavam que Chris voltasse com as comprar, Anahí e Rachel revisavam a lista, ora tirando, ora acrescentando algo a decoração e Leslie tentava apregar (sem cola) a cabeça decepada de um papai Noel de árvore.
—Não morre! Fica comigo! –Ela gritava sempre que juntava as duas partes e as mesmas caiam quando ela as soltava.
—Você tem certeza que ela é sua irmã? –Anahí perguntou desconfiada, para Rachel.
—Confie em mim quando digo que me faço esta mesma pergunta todos os dia.
Quando Christian chegou eles começaram a arrumar o restaurante. A noite já caia alta quando eles finalmente terminaram de arrumar. Anahí olhou resultado de cinco horas de trabalho e ficou satifeita. Podia até não ganhar no quesito beleza, mas era sem duvida um dez em originalidade. O restaurante fora dividido em quatro ambientes, cada um representando a maneira de se comemorar o natal em seus respectivos paises.
Ela colocara os coqueiros no lado esquerdo que representava a África do Sul. De acordo com Rachel o natal na África do Sul acontece durante, quando as temperaturas podem passar dos 30 graus. Devido ao calor, a ceia de natal acontece em uma mesa colocada no jardim ou no quintal. Pensando nisso Anahí fizera um cantinho todo especial lembrando a praia, enfeitara algumas caixas para se parecerem presentes com algumas cascas dos coqueiros e enchera de luzinhas brancas ao redor, dando um clima de luau.
Ao lado da África ficou Israel, na opinião de Anahí tinha ficado melhor no papel, mas já tava feito. O hanukkah não tem nada a ver com o natal, mas era uma festa comemorada na mesma data então ela misturou tudo. Enfeitou com alguns menorah (aqueles candelabros com oito hastes) velas, algumas flores, lâmpadas a lá Aladim e algumas peças de jogo dreidel espalhadas ao acaso em algumas mesas. (Tudo cortesia de Leslie, Anahí decidiu não perguntar onde ela havia conseguido aquilo, às vezes a ignorância é o melhor caminho).
No lado direito da porta estava à França inspirada n'O RITUAL DO MADEIRO. As pessoas dançam ao redor de uma fogueira e escondido das crianças põem presentes nas pontas do tronco. Os adultos batem no tronco fazendo sair fagulhas brilhantes. As crianças pensam assim que junto com as faíscas o Madeiro trouxe também presentes. E aproveitando a onda de reciclagem, Anahí aproveitou algumas decorações do São João. Ela deu destaque para a fogueira de EVA que pregara na parede junto com alguns presentes perto dos troncos.
E no canto esquerdo ao lado da porta ficou com a Irlanda. Como uma das paredes era uma enorme vitrine, ela a enfeitou com diversas luzinhas brancas e velas, alguns tecidos de cetim e ramos de árvores. É costume na Irlanda colocar velas acesas nos parapeitos das janelas. Com isso pretende-se dizer que as casas estariam prontas a receber Nossa Senhora e S. José, se por ali passassem e as velas só devem ser apagadas no dia seguinte, por uma jovem chamada Maria. Anahí sorriu já sabendo quem apagaria aquelas dezenas de velas.
Em cada canto/país Anahí colocou um cardápio diferente, cada um com suas respectivas comidas típicas e a historia sobre suas tradições natalinas. 

Para o dia de hoje um...

FELIZ NATAL!!!


Quero ver você não chorar,
Não olhar pra trás,
Nem se arrepender do que faz.
Quero ver o amor vencer,
Mas se a dor nascer,
Você resistir e sorrir.
Se você pode ser assim,
Tão enorme assim eu vou crer
Que o natal existe
Que ninguém é triste
Que no mundo há sempre amor.
Bom nata, um feliz natal,
Muito amor e paz pra você,
pra você.


Musica de DJ Harley - Quero ver você não chorar

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O natal de Anahí VI


—Any... –Christopher se aproximou. –Meu amigo acaba de ligar e disse que não tinha um caminhão disponivel para vir deixar nossa encomenda. Todos estão ocupados de mais para trazer tudo no prazo.
Era isso. A cereja que coroava o bolo dos desastres. Não tinha nada para enfeitar o restaurante com temas natalinos, o chef foi embora (temporariamente) e estavam incapicitados de preparar qualquer coisa porque não havia os ingredientes nescessario para os pratos especiais.
—Será que as coisas podem...
—Não termine! –Chris gritou, interrompendo Anahí. –Não ouse terminar essa frase. Porque por mais ruins que as coisas possam estar, elas sempre podem piorar.
—Não seja ridiculo. –Anahí menosprezou, mas decidiu não terminar a frase. No momento tudo o que menos precisava era de mais azar.
—Não se preocupe. –Leslie tentou tranquiliza-la. – Lembre-se: A vida é como um sanduiche picante!
—É? Como assim?
—Como assim? –Ela perguntou como se não tivesse falado nada e Anahí tombou a cabeça na mesa desistindo do dialogo.
—O que vamos fazer agora? –Dulce perguntou. E Anahí percebeu cinco pares de olhos, aguardando suas ordens. Mas ela não sabia o que fazer. Ela os metera nisso e agora estava atolada e sem saída.
—Vamos desistir. –Disse desanimada.
—Foi isso? –Uma voz grave falou. O coração de Anahí deu um pulo no peito como sempre fazia quando ouvia aquela voz. Seis cabeças se viraram em direção a porta. –Eu volto só pra saber que você vai desistir assim?
—Então você voltou mesmo? –Christopher perguntou ironico. –Pensei que você tinha abandonado o barco como um rato quando percebe que vai afundar.
Alfonso o ignorou, não o tornando digno de sua anteção e se aproximando sentou-se na mesa com todos e Anahí o colocou a par dos trágicos acontecimentos.
—Então qual é o plano?
—Plano? –Anahí perguntou confusa.
—Vi três coqueiros lá fora e outro aqui dentro. –Disse apontando para a planta perto de nossa mesa que Leslie abandonara.
—Coqueiro anão. –Leslie o corrigiu.
—Certo. –Concordou com certo sarcasmo na voz. –Temos quatro coqueiros ao invés de um pinheiro. E a comida é só nós mesmos irmos buscar no armazém. Não vejo muita complicação.
Não via complicações?! Eles tinham quatro plantas nada natalinas e mais nada pra enfeitar um restaurante para uma festa de natal! Como ele pode achar que não tinha complicação?
—Vamos Anahí. Tente. Eu sei que você consegue. Eu Christopher e Dulce cuidamos da comida e vocês podem cuidar da decoração. –Ele se levantou pegando seu casaco e pedindo para os dois o acompanherem e sairam.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - V

—Você ficou louca! –Dulce entrou na cozinha como um furacão, fazendo a cabeça de Anahí latejar com força igual. –Se queria arruinar tudo, então porque não tacou fogo?!
—Também não exagere Dulce. –Christopher tentou acalmá-la.
­—Nao exagerar?! Nós estamos falando da garota que fez respiração boca a boca em um guaxinim! E ele já estava morto! Como permitiu que ela fosse comprar os enfeites? Você tem noção que os enfeites tem que se harmonicos e combinar com a decoração do restaurante e que...? Onde está Alfonso? –Ela parou. Olhando para todos os lados como se esperasse vê-lo escondido em algum canto.
—Certo. –Anahí disse tentando organizar as ideias ainda embrulhadas na cabeça. –Não podemos mais fazer nada a respeito disso. Um problema por vez. Alfonso foi embora e cuidaremos de Leslie quando ela aparecer. Agora, será que dá para vocês pararem de rodar? Ta me deixando enjoada.
Leslie não demorou muito a chegar, entrou no restaurante puxando com muito esforço, não um pinheiro e os enfeites natalinos que todos esperavam, mas um coqueiro.
Vocês não vão acreditar. –Ela disse quando viu que todos estavam olhando para ela paralisados. –Eu vi as arvores que você queria Dulce, mas estavam muito caras e a Anahí disse para eu procurar umas baratinhas, sabe economizar. Ao menos foi o que eu acho que ela quis dizer quando ficou em choque quando eu pedi dinheiro. –Ela abriu um sorriso enorme. –Enfim, ai eu vi esses coqueiros e o homem que tava lá disse que me vendia os quatro coqueiros anão por 100 reais. Não é incrível?! –Ela quase quicava de tanta emoção.
Você... –Chris estava rindo histericamente. –Comprou quatro coqueiros ao invés de um pinheiro?
Coqueiro anão. –Completou Leslie. O sorriso desenhado em seu rosto de uma ponta a outra, numa versão humana do Bob Esponja.
É, foi divertido enfeitar o restaurante. –Dulce disse indiferente. –Agora vamos desarrumar logo.
—Eu a tolharia. –Começou Rachel, sentando-se. –Mas estaria quebrando meu juramento de não me intervir nas crenças dos néscios.
­—Sempre preciso de um dicionário quando essa garota abre a boca. Tradução por favor.
—Quis dizer. –Rachel falou ofendida. –Que antes de impedi-la de comprar um coqueiro, me perguntei: porque não? Afinal, o pinheiro é só mais uma lenda babilônica sobre um pinheiro que renasceu de um tronco morto. Então que diferença faz, se for um coqueiro?
—A diferença. –Anahí tentava manter a calma a todo custo. O telefone do restaurante começou a tocar, mas ninguem deu ouvidos. –É que as pessoas, ao entrarem por aquela porta esperam ver um pinheiro enfeitado com bolas e pisca pisca e diversos enfeites na parede e não um coqueiro com côcos!
­—Ah, mas esses coqueiros não tem côco. –Leslie disse.
—NÃO ME INTERESSA! –A paciencia de Anahí finalmente es esgotara. –E alguém antenda a droga desse telefone! –Gritou quando já não conseguia ignorar as chamadas insistentes.
Christopher foi antender enquanto Anahí se derrubava em uma cadeira, pensando em como contornar aquela situação. Sua irmã chegaria no domingo em menos de... ela olhou pro relogio, em menos de 17 horas e não tinha nada pronto, ao contrario, tudo o que Maite iria encontrar era mais preocupações e confusões que ela arranjara.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - IV



— Alfonso gosta de você. –Christopher disse em uma pausa de suas inumeras ligações para uns conhecidos tentando conseguir o fornecimentos de diversos ingredientes para o novo cardápio.
—Tanto quanto se pode gostar da irmã mais nova irritante de seu amigo. –Disse ela tristonha.
Pelo menos era assim que ele a via antigamente. Anahí pensou com melancolia, relembrando a epoca em que conheceu Alfonso. Ela tinha 15 anos e já o admirava, não perdendo um dia de seu programa televisivo: “Alfonso Herrera: Sem Reservas”. Sempre a fascinara o modo como ele dominava a cozinha e tudo a sua volta, era carismático e dinamico. Ela o adorava.
Quase caira para trás quando o marido da sua irmã, Derek, trouxera para jantar um antigo amigo de colegio. O famoso Alfonso Herrera.  Para anahí, foi amor a primeira vista. Alfonso, naquela época com vinte anos, não lhe dera muito mais antenção do que a que se dá uma criança.
Quando Derek morreu, vitima de um acidente de carro causado por um motorista alcoolizado, Alfonso se aproximou mais de Maite, tentando confortá-la e ajudando com o resturante. Tudo ia bem, até a fatidica festa de dezoito anos de Anahí. Muitos dos amigos dela haviam ido ao restaurante festejar seu aniversário e ela estava radiante porque Alfonso também estava lá, nem tão feliz e nem tão brincalhão como ela esperava, mas estava lá.
Ele estava só, em pé em um canto afastado da multidão, pensativo. Anahí pensou que ele parecia carregar o peso do mundo nas costas, e depois de ter bebido bem mais do que ela gostaria de admitir, Anahí se aproximou dele e beijou-lhe.
No começo não passou de um inocente selinho. Tudo que ela queria era alegrá-lo. Será que ele não percebia que se ele ficasse triste, ela também ficava? Aquele era o aniversario dela, ele não podia ficar daquele jeito. Antes que ela pudesse perceber o que estava fazendo, Anahí começou a beijá-lo de verdade e por uma fração de segundo, sentiu que ele a correspondia, mas ele a afastou com um gesto brusco e a olhou horrorizado. E para coroar a humilhação ela percebeu que todos da festa haviam visto como ela se atirara para ele e como ele a rejeitara. Anahí nunca se sentira tão humilhada em toda a sua vida.
A muito tempo ela não se permitia pensar nessas lembranças dolorosas. Talvez, Anahí pensou, ela fosse uma masoquista.
—Ei! Eu estou falando com você! –Leslie aproximara o rosto a dez centimentros do meu. Tomando um susto, Anahí caira da cadeira, batendo a cabeça com força no chão.
Ainda vendo um monte de estrelas piscando a sua volta, christopher a ajudou a levantar-se e lhe entregou um saco com gelo para por na cabeça. Leslie falava alguma coisa agitada, piorando a dor de cabeça que Anahí sentia e ela concordou com seja lá o que for que a garota tagarelava, simplesmente para poder se ver livre dela.
—Foi um baita tombo. –Christopher disse de longe, olhando para a porta em que Leslie acabara de sair. –Escuta... Você têm certeza disso?
­—De que? –Perguntou vendo a cara preocupada dele.
—De deixar a Leslie ir comprar os enfeites de natal.
—Do que você está falando? Temos caixas e mais caixas de enfeites.
—É... –Christopher fez uma careta. –Eu imaginei que você não ouviu o que ela falou. –Agora Anahí começou a se preocupar. –Christian quebrou o tronco da árvore enquanto tentava montá-la, e Dulce abriu todas as caixas, todos os enfeites estam estragados, ao que parecem foram ratos. Eles vinham te contar isso quando Leslie viu e veio lhe pedir para ela ir comprar as coisas.
Anahí achou que a pancada estava começando a afetar seu cerebro ou christopher estava fazendo uma piada de mal gosto com ela. Era impossivel. Ela jamais encarregaria leslie de ir comprar os enfeites de natal, na verdade, ela jamais encarregaria Leslie de fazer nada.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - III



— Anahí, Temos um problema. –O sorriso de Anahí murchou. Ela olhou para Alfonso e nem a alegria que a invadiu por ter ouvido Alfonso pronunciar seu nome conseguiu afogar a preocupação ante a palavra “problema”. –Metade dessa lista, não está no nosso cardápio original.
— Exatamente por isso que se chama “cardápio especial” Alfonso. –Será que ele percebe o modo como ela acaricia cada letra quando pronuncia seu nome?
Ele sorriu irônico.
— Não foi a isso que me referia. Essas receitas precisam de ingredientes que não temos na cozinha.
— Não vejo problema nenhum nisso. –Disse Christopher, se aproximando por trás de Alfonso e ficando ao lado de Anahí. –Podemos simplesmente encomendar.
Anahí fez um aceno de cabeça para Christopher, lhe oferecendo um sorriso de agradecimento e olhou para Alfonso, pensando que assim como ela, ele perceberia o quão simples é a solução, mas ele não parecia nem um pouco aliviado, parecia, se é que ela estava interpretando bem, enfurecido.
— Não sei se os dois gênios perceberam, mas nos não trabalhamos com esse tipo de comida, ou seja, não temos fornecedores de confiança para eles.
— Sabe Alfonso, às vezes você se estressa a toa, se você tivesse me dito que esse era o problema antes de ter saído da cozinha daquele jeito, eu teria dito que conheço pessoas confiáveis para esse serviço. –Christopher soltou um sorriso radiante, indiferente à cara de poucos amigos de Alfonso e passou o braço pelos de ombros de Anahí. –Afinal, Anahí e eu preparamos a lista ontem à noite.
Anahí se lembrou de como Christopher a ajudara na noite anterior. Ela ficara até mais tarde, depois da viajem de Maite, tentando planejar tudo para a festa de segunda, Christopher havia esquecido as chaves de casa em seu armário e quando voltara para pegá-las e a viu sentada em uma das mesas, tentando elaborar um cardápio especial para o mês de dezembro. Pratos natalinos de diversos países. Foi a sugestão de Christopher e a ajudou com mais da metade da lista.
— Bom, sendo assim. –Alfonso desamarrou o enorme avental que ia da cintura até a altura dos tornozelos. –Creio que Christopher pode cuidar de tudo sem mim. –Ele já se dirigia a saída quando Anahí se recuperou do choque e o chamou.
— Esperai aonde você vai?
— Tirar o final de semana de folga, você pode passar sem mim, Christopher já tem tudo sob controle. Voltarei segunda, me avisem quando Maite voltar. –E saiu sem mais nenhuma palavra.
Anahí sentia vontade de chorar. Ele sabia o quanto aquilo era importante pra ela e a abandonara. Não é como se ela estivesse esperando apoio incondicional da parte dele, mas lá no fundo pensava que ele se importava com ela, não como mulher, ela não era estúpida, mas pelo menos como amiga. Engoliu o choro como sempre fazia. Ela não tinha motivos para chorar, Alfonso não devia nada a ela. A muito custo colocou um sorriso luminoso no rosto e se virou para Christopher, se ele percebeu ou não que ela estava fingindo teve tato suficiente pra não tocar no assunto.
— Então. –Ele começou alegre. –Agora que o senhor rabugento foi embora, quer me ajudar na cozinha? –Ele sorriu encantador. Christopher era um ótimo amigo e os dois até que dariam um ótimo casal se ela já não estivesse perdidamente apaixonada por Alfonso e ele, apesar de negar veementemente, ter uma queda por Dulce.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - II



Christopher é um famoso chef de cozinha, bastante carismático e ousado na cozinha, ganhou vários concursos nacionais e poderia ter sua própria cozinha em qualquer lugar, mas decidiu trabalhar aqui por admirar Alfonso e querer aprender com ele. Logo que chegou  ele conquistou a amizade de Anahí e um ódio mortal por parte de Alfonso. O que torna a cozinha por vezes um campo de batalha, mas Maite gosta desse confronto entre os dois, diz que dá um sabor todo especial a comida, por isso não se mete nas brigas deles. Mas Anahí tinha certeza que era só porque ela não queria perder dois chefes excelentes e que não cobravam muito.
— Chris e Dulce cuidam da decoração interna, eu já trouxe umas caixas com as decorações dos anos anteriores, vocês deem uma olhada e vejam o que conseguem reciclar e o que precisa comprar.
Chris era o faz-tudo do restaurante, desde manobrista a eletricista e encanador até a garçom quando uma de nós não podia comparecer ao serviço. Ele trabalha aqui pra terminar sua faculdade de veterinária, Anahí nunca vira alguém mais louco por animais do que ele.
E Dulce de acordo com ela mesma, estava lá só pela diversão de contrariar seus pais. Ela é a filha única de uma abastada família, seu pai é dono de uma das maiores cadeias de hotéis do país. E por mais que ela tivesse sido criada no luxo e conforto que só o dinheiro proporciona. Dulce não tinha medo de trabalhar (não enquanto pagassem o que era devido), só Deus sabe por que ela precisa de dinheiro dessa maneira se os pais dela são milionários.
 — E por fim... –Que Deus me ajude, Anahí pensou. –Leslie e Rachel ficam com a decoração externa. –Os olhos de Leslie brilharam de emoção e seu sorriso se atravessou uma ponta à outra de seu rosto, Anahí não pode evitar a comparar garçonete com o Bob Esponja, era inevitável, sempre que a garota fazia essa cara.
Leslie era a irmã gêmea de Rachel. Elas eram baixinhas e magrelas, os cabelos cor de cenoura de Leslie eram crespos e iam ate acima do ombro ao contrario do liso sedoso de Rachel que ia até a cintura. Alguns dizem que a vida não foi muito justa com Leslie. Bastante desajeitada, tinha as ideias mais estranhas. Sempre aprontava alguma confusão e confundia até os pedidos mais simples. Anahí sempre achou que se juntassem o cérebro de Patrick com o corpo e o entusiasmo de Bob Esponja o resultado seria: Leslie. Mas ela era esforçada e divertia os clientes, se não, Anahí achava, Maite já a teria demitido há muito tempo.
Rachel era o oposto da irmã. Algo como lua e sol. Se Leslie é a estúpida, Rachel é um gênio. Conseguiu um PhD em Sociologia aos 20 anos e está escrevendo uma tese sobre porque alguns humanos de intelectos  inferiores se conformam com trabalhos medíocres. Ela fez uma proposta a Maite, ela mantinha Leslie na linha e Maite a deixava trabalhar lá até que conseguisse terminar sua tese. Anahí ainda pensava se devia ou não ficar ofendida com o tema da tese.
Todos se dispersaram para irem cumprir suas tarefas e Anahí decidiu ajudar na decoração interna, afinal Alfonso jamais permite que ela entre na cozinha e não tinha muito que fazer lá fora, as garotas só deviam colocar pisca piscas e alguns poucos enfeites. Tudo estava indo de vento em polpa, ela sorriu consigo mesma enquanto abria uma das caixas empoeiradas e olhava os vários objetos natalinos guardados ali dentro.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - I




Essa era a prova dos nove. Se Anahí organizasse uma festa de natal perfeita, Maite iria parar de vê-la como a irmã caçula irresponsável e finalmente iria confiar nela. O natal era a comemoração mais importante para o Quaker, pois era a época em que as vendas aumentavam.
Por isso nada poderia dar errado. Anahí pensou nas vezes infindáveis em que decepcionara a irmã. Essa era sua ultima chance para se redimir com a irmã e fazer com que Maite voltasse a confiar nela.
As preparações para o natal seria na segunda-feira, dia em que não abriam o restaurante, mas Anahí antecipara para o sábado, ela queria fazer uma surpresa para irmã que estava viajando e voltaria no domingo de manhã e Anahí esperava que até lá tudo estivesse pronto.
— Certo tropa. Eu vou dividir o trabalho entre vocês. –Anahí andava em torno dos seis funcionários do restaurante sentados em duas mesas juntas.
— Eu tenho uma pergunta. –Dulce levantou o braço, como se estivesse no colegial.
— Não disse que estava aberta a pergunta. –Anahí contestou meio irritada. Ela e Dulce nunca se deram. Pode se dizer que foi ódio à primeira vista e as duas sempre viviam sabotar uma a outra.
— Não to nem ai. –Dulce ignorou com um aceno de mão. –Sabe, quando você nos ligou as 5h00 da manha achei que o restaurante estava pegando fogo, não me levem a mal, fiquei preocupada. –acrescentou ante a expressão de horror de todos. –Se fosse isso eu provavelmente não receberia meu salário esse mês, mas a questão é: Você nos chamou aqui para trabalhar fora do nosso expediente. Vai ter hora extra?
— É claro. –Respondeu fazendo careta. Dulce a irritava de mais.
— Então da aqui as tarefas Barbie!
Primeiro. –Anahí enfatizou. –Vou dividi-los em três grupos. –Ela esperou alguma objeção de Dulce, mas ela se mantinha ocupada com celular, ignorando- a de propósito. –Alfonso e Christopher cuidam do cardápio especial. –Não era necessário realmente dar essa ordem aos dois uma vez que se tratavam dos Chef e souschef do restaurante.
Ela entregou uma lista com sugestões de possíveis pratos pra festa e logo eles já analisavam os prós e contras de cada prato. Anahí se permitiu um segundo de contemplação a Alfonso. Ele fora um dos motivos que ela largara a faculdade de medicina e viera trabalhar no restaurante da irmã como garçonete, queria estar mais perto dele, mas infelizmente para ele, ela não passava de um chiclete mastigado no meio da rua, nada muito digno de atenção. Ele a tratava assim desde que descobrira que Anahí nutria sentimentos por ele.
Alfonso sempre fora muito reservado e sua vida passada e presente é um mistério. O que se sabe é que ele sempre fora considerado um prodígio e que aos vinte anos já tinha seu próprio programa de TV e era autor de um Best-Seller. Ele possuía fama mundial, mas há dois anos atrás largou a carreira e por dois meses ninguém soube de seu paradeiro, até que reapareceu na porta daqui perguntando se tinha vaga para um chef. Maite o aceitou na hora e eu me apaixonei a primeira vista.