quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sonhos de um anoitecer - capitulo 4 -parte 1





Reescrito:


Estava tudo tão calmo, calmo de mais. Era como a calmaria antes da tempestade. Anahí sentiu seu corpo pesado, havia uma névoa que queria puxá-la pra baixo, ela sabia que não havia dor lá, mas ao mesmo tempo sentia-se puxada pra cima, sendo elevada pra cima dessa névoa densa e escura. Lá havia dor, muita dor. Tentou abrir os olhos, e para sua surpresa uma luz cegante machucou seus olhos, forçando-a a fechá-los novamente, a dor em sua cabeça pulsava fortemente, ela ouvia vozes ao fundo, mas estavam tão longe.
— Ela está acordando. –A voz feminina estava nervosa.
— Aplique— lhe mais sedativo. Afinal é pra isso que você está aqui.
Anahí tentou mais uma vez abrir os olhos lutando com a dor que a invadia na cabeça. Ouviu a mulher chacoalhar metal contra metal, procurando algo energicamente, estava nervosa, seu coração batia freneticamente. Anahí sentiu o medo emanando dela. A dor pulsou mais forte em sua cabeça e os pensamentos sobre a mulher foram relegados a um segundo plano. Tentou mexer os braços, mas sentiu que seus pulsos estavam amarrados, levantou os braços forçando as amarras e estas se quebraram.
— Doutor ela está acordando!
— Mas que droga Diana! Se não pode fazer seu trabalho direito então porque está aqui?
Sentindo— se mais lúcida, Anahí saltou da cama e sentiu os fios que estavam presos ao seu corpo se soltarem, causando uma leve dor. Fraca pela dor que latejava em sua cabeça e provavelmente pela droga que lhe ministraram, encostou-se na parede e observou o lugar em que se encontrava. Era claramente uma sala de cirurgia, havia duas pessoas com ela nessa sala. Um homem e uma mulher. Eles a estavam olhando assustados. Sentiu algo frio cair em seu ombro e percebeu que era sangue. Espere ai! Frio? Levou a mão a cabeça e percebeu por que ela estava latejando tanto. Havia uma abertura lá e estava sangrando muito. O sangue era frio e de uma cor diferente era mais escuro, quase três tons acima do normal. Olhou para os médico, procurando por respostas, mas eles ainda a olhavam assustados. O doutor não havia movido um passo, mas a mulher havia se afastado mais para o lado, perto da saída. Anahí sabia que devia seguir em direção a saída, agora que podia, mas o sangramento em sua cabeça ficava mais forte, e estava quase impossível raciocinar direito, a anestesia que eles deram já devia estar passando o efeito.
Quanto mais seus pensamentos se embrulhavam pela dor, mais seu ser clamava por algo. Se demorasse mais sabia que morreria por perda de sangue, foi quando um cheiro a invadiu, doce, inebriante. Sua garganta secou. O doce perfume percorreu por todo o seu corpo como uma onda de eletricidade a dominando e algo dentro dela falou mais forte. Sem saber bem o que queria avançou pra cima do médico, que caiu no chão sobre o peso do impacto. Aterrorizada com a rapidez com que havia se movimentando e sem saber o que estava fazendo cravou os dentes no ponto mais vivo daquele humano, onde sua vida pulsava mais fortemente pelo medo que sentia. No pescoço. Não percebeu que ele a batia tentando libertar-se e fugir de seu beijo mortal. Tomou para si o que precisava, o liquido da vida, doce e quente. O homem já não mais se debatia sobre si, estava totalmente imóvel. E algo dentro de si disse que ele estava morto.
Em algum canto de sua mente sentiu-se enojada e aterrorizada pelo que acabara de fazer, mas essa era uma parte minúscula que não tinha domínio agora. Seguiu-se o silêncio, novamente aquele silêncio terrível, ela levantou o rosto, de repente lembrando que havia outra pessoa naquela sala. Procurou pela enfermeira, mas esta havia sumido. Afastou-se do corpo do médico e ao olhá-lo e aquela minúscula parte de seu cérebro tomou conta e se horrorizou. Não podia acreditar que havia matado a um homem! Três homens entraram de assalto dentro da sala e todos armados, mas antes que Anahí pudesse reagir um dos homens foi mais rápido e atirou, algo perfurou seu pescoço e novamente as trevas a invadiu.
Mas não era mesma escuridão de antes que vinha junto com a inconsciência, dessa vez era somente uma névoa que nublava sua visão e prendia seu corpo.  A consciência ainda estava lá, ela podia pensar, mas não queria, sabia o que viria agora. O que sempre vinha depois: Dor. Ela tentou se afundar na mente, onde era escuro e confortável, onde ninguém podia machucá-la. E conseguiu.