segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - III



— Anahí, Temos um problema. –O sorriso de Anahí murchou. Ela olhou para Alfonso e nem a alegria que a invadiu por ter ouvido Alfonso pronunciar seu nome conseguiu afogar a preocupação ante a palavra “problema”. –Metade dessa lista, não está no nosso cardápio original.
— Exatamente por isso que se chama “cardápio especial” Alfonso. –Será que ele percebe o modo como ela acaricia cada letra quando pronuncia seu nome?
Ele sorriu irônico.
— Não foi a isso que me referia. Essas receitas precisam de ingredientes que não temos na cozinha.
— Não vejo problema nenhum nisso. –Disse Christopher, se aproximando por trás de Alfonso e ficando ao lado de Anahí. –Podemos simplesmente encomendar.
Anahí fez um aceno de cabeça para Christopher, lhe oferecendo um sorriso de agradecimento e olhou para Alfonso, pensando que assim como ela, ele perceberia o quão simples é a solução, mas ele não parecia nem um pouco aliviado, parecia, se é que ela estava interpretando bem, enfurecido.
— Não sei se os dois gênios perceberam, mas nos não trabalhamos com esse tipo de comida, ou seja, não temos fornecedores de confiança para eles.
— Sabe Alfonso, às vezes você se estressa a toa, se você tivesse me dito que esse era o problema antes de ter saído da cozinha daquele jeito, eu teria dito que conheço pessoas confiáveis para esse serviço. –Christopher soltou um sorriso radiante, indiferente à cara de poucos amigos de Alfonso e passou o braço pelos de ombros de Anahí. –Afinal, Anahí e eu preparamos a lista ontem à noite.
Anahí se lembrou de como Christopher a ajudara na noite anterior. Ela ficara até mais tarde, depois da viajem de Maite, tentando planejar tudo para a festa de segunda, Christopher havia esquecido as chaves de casa em seu armário e quando voltara para pegá-las e a viu sentada em uma das mesas, tentando elaborar um cardápio especial para o mês de dezembro. Pratos natalinos de diversos países. Foi a sugestão de Christopher e a ajudou com mais da metade da lista.
— Bom, sendo assim. –Alfonso desamarrou o enorme avental que ia da cintura até a altura dos tornozelos. –Creio que Christopher pode cuidar de tudo sem mim. –Ele já se dirigia a saída quando Anahí se recuperou do choque e o chamou.
— Esperai aonde você vai?
— Tirar o final de semana de folga, você pode passar sem mim, Christopher já tem tudo sob controle. Voltarei segunda, me avisem quando Maite voltar. –E saiu sem mais nenhuma palavra.
Anahí sentia vontade de chorar. Ele sabia o quanto aquilo era importante pra ela e a abandonara. Não é como se ela estivesse esperando apoio incondicional da parte dele, mas lá no fundo pensava que ele se importava com ela, não como mulher, ela não era estúpida, mas pelo menos como amiga. Engoliu o choro como sempre fazia. Ela não tinha motivos para chorar, Alfonso não devia nada a ela. A muito custo colocou um sorriso luminoso no rosto e se virou para Christopher, se ele percebeu ou não que ela estava fingindo teve tato suficiente pra não tocar no assunto.
— Então. –Ele começou alegre. –Agora que o senhor rabugento foi embora, quer me ajudar na cozinha? –Ele sorriu encantador. Christopher era um ótimo amigo e os dois até que dariam um ótimo casal se ela já não estivesse perdidamente apaixonada por Alfonso e ele, apesar de negar veementemente, ter uma queda por Dulce.