domingo, 6 de setembro de 2009

Sonhos de um anoitecer - capitulo 4 - parte 2


Reescrito:



O torpor começava a abandoná-la, ela não queria isso, mas já conseguia escutar vozes ao fundo. Eram vozes estranhas, mas familiares ao mesmo tempo, não. Não todas, mas uma em particular ela conhecia. Uma onda de alivio e segurança percorreu por todo seu corpo, sem entender o porquê.
—  Você não devia tê-la trazido pra cá. –Disse um dos homens e parecia estar realmente irritado.
—  Chris eu não podia deixar-la! Me entenda!
—  Eu te entendo Alfonso, mas isso foi uma armadilha e você sabe disso! Ela pode ser uma espiã, pode estar trabalhando pra eles.
—  Ela não trabalha pra Athemis!
Anahí agora estava totalmente alerta, escutando atentamente cada palavra que diziam, a sensação de segurança desapareceu completamente.
— Se você pararem de discutir vão perceber que está acordada. –Uma voz régia falou pondo fim a discussão.
Anahí decidiu abrir o olhos e ver onde estava e se deparou com sete pares de olhos a mirando fixamente. Todos a olhavam com curiosidade, como se ela fosse um bicho de zoológico. Era exatamente assim que ela se sentia; acuada.
—  Oi. O homem que lhe era tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo de uma maneira desconcertante aproximou-se lentamente da cama em que ela estava deitada. Ela se afastou, encolhendo o corpo de uma maneira protetora. Não tenha medo, eu me chamo Alfonso.
Anahí o olhou fixamente, e sentiu de novo aquela sensação de que o conhecia, era como a lembrança de um sonho que a perseguia. Ele era extremamente lindo. Tinha o cabelo curto e encaracolado negro como a noite, os olhos também negros eram profundos e sombrios, o nariz aquilino, os lábios contorcidos em um sorriso que de alguma maneira o deixava ainda mais bonito. Alfonso vestia uma calça jeans já bem desbotada e uma camisa social branca com as mangas enroladas até os cotovelos. Roupas que passariam despercebidas entre os humanos, mas ela sabia que ele não era um. De alguma maneira ela sabia que ninguém naquele quarto era humano, nem mesmo ela.
— Tudo vai acabar bem querida. –Sorriu uma garotinha que não parecia ter mais que dezesseis anos. Ela tinha um rosto perfeito em formato de coração, seus grandes olhos verdes pareciam refletir uma inocência que ela definitivamente não tinha. Seus cachos louros que se estendiam até acima da cintura lhe conferiam o ar infantil.  –Me chamo Sally e estes são Christopher, Chris, Nighel, Dulce e Maite.
Ela apresentou a todos, apontando a cada um quando dizia seus nomes. Ela observou a todos, os que ela disse se chamar Chris e Christopher, a olhavam com cautela, talvez decidindo se confiaram nela ou não. Christopher tinha o cabelo castanho, o rosto devia ser bonito, por trás de toda a cólera que ele demonstrava. Seria por causa dela ou ele era sempre assim?
Chris também não parecia satisfeito, o rosto delgado emoldurado por seus cabelos louros. Os olhos negros como as trevas os lábios pressionados em uma linha fina. Ele realmente não estava feliz.
Aquele que parecia se chamar Nighel, tinha as expressões completamente indecifráveis. O rosto estava frio, não demonstrando seus reais pensamentos. Ele tinha o cabelo castanho claro e parecia ser o mais velho de todos ali presentes. Seus olhos eram de uma cinza nebuloso, Anahí se perguntou se aquilo lhe afetava a visão. Ele tinha um bigode esquisito e era magro e bastante alto; um metro e oitenta ela calculou.
A garota que se chamava Dulce assim como Sally também parecia ser muito jovem dezenove talvez vinte anos. Ela era realmente linda, do tipo que agente só espera ver nas capas da Vogue. Ou em qualquer dessas revistas de moda. Seu cabelo vermelho rubi caia como uma cascata de fogo até a cintura. Ela me olhava com uma expressão insondável. Curiosa talvez.
Maite diferente de Dulce e Sally que possuíam uma beleza angelical, ela era... Exótica. O cabelo negro como o ébano cortado acima dos ombros era de um liso perfeito contrastando com a pele branco pálido e os lábios pintados de vermelho sangue, que em qualquer outra daria a impressão de ser uma prostituta barata, nela parecia natural.
— Quem são vocês? –Ela se obrigou a dizer. Era tão estranho voltar a falar depois de meses enclausurada. Sua voz não saiu mais alto que um sussurro, suas cordas vocais prejudicadas depois de tanto tempo sem uso.