terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O natal de Anahí - I




Essa era a prova dos nove. Se Anahí organizasse uma festa de natal perfeita, Maite iria parar de vê-la como a irmã caçula irresponsável e finalmente iria confiar nela. O natal era a comemoração mais importante para o Quaker, pois era a época em que as vendas aumentavam.
Por isso nada poderia dar errado. Anahí pensou nas vezes infindáveis em que decepcionara a irmã. Essa era sua ultima chance para se redimir com a irmã e fazer com que Maite voltasse a confiar nela.
As preparações para o natal seria na segunda-feira, dia em que não abriam o restaurante, mas Anahí antecipara para o sábado, ela queria fazer uma surpresa para irmã que estava viajando e voltaria no domingo de manhã e Anahí esperava que até lá tudo estivesse pronto.
— Certo tropa. Eu vou dividir o trabalho entre vocês. –Anahí andava em torno dos seis funcionários do restaurante sentados em duas mesas juntas.
— Eu tenho uma pergunta. –Dulce levantou o braço, como se estivesse no colegial.
— Não disse que estava aberta a pergunta. –Anahí contestou meio irritada. Ela e Dulce nunca se deram. Pode se dizer que foi ódio à primeira vista e as duas sempre viviam sabotar uma a outra.
— Não to nem ai. –Dulce ignorou com um aceno de mão. –Sabe, quando você nos ligou as 5h00 da manha achei que o restaurante estava pegando fogo, não me levem a mal, fiquei preocupada. –acrescentou ante a expressão de horror de todos. –Se fosse isso eu provavelmente não receberia meu salário esse mês, mas a questão é: Você nos chamou aqui para trabalhar fora do nosso expediente. Vai ter hora extra?
— É claro. –Respondeu fazendo careta. Dulce a irritava de mais.
— Então da aqui as tarefas Barbie!
Primeiro. –Anahí enfatizou. –Vou dividi-los em três grupos. –Ela esperou alguma objeção de Dulce, mas ela se mantinha ocupada com celular, ignorando- a de propósito. –Alfonso e Christopher cuidam do cardápio especial. –Não era necessário realmente dar essa ordem aos dois uma vez que se tratavam dos Chef e souschef do restaurante.
Ela entregou uma lista com sugestões de possíveis pratos pra festa e logo eles já analisavam os prós e contras de cada prato. Anahí se permitiu um segundo de contemplação a Alfonso. Ele fora um dos motivos que ela largara a faculdade de medicina e viera trabalhar no restaurante da irmã como garçonete, queria estar mais perto dele, mas infelizmente para ele, ela não passava de um chiclete mastigado no meio da rua, nada muito digno de atenção. Ele a tratava assim desde que descobrira que Anahí nutria sentimentos por ele.
Alfonso sempre fora muito reservado e sua vida passada e presente é um mistério. O que se sabe é que ele sempre fora considerado um prodígio e que aos vinte anos já tinha seu próprio programa de TV e era autor de um Best-Seller. Ele possuía fama mundial, mas há dois anos atrás largou a carreira e por dois meses ninguém soube de seu paradeiro, até que reapareceu na porta daqui perguntando se tinha vaga para um chef. Maite o aceitou na hora e eu me apaixonei a primeira vista.